quarta-feira, 3 de março de 2010

Destino

Faz anos que não escrevo. Acho que mais ninguém entra no blog, tanto melhor, agora fico mais à vontade para escrever.

Então digo, não fuja do seu destino há como. A vaca osca me ensinou isso.

A história da vaca osca:

Primeiro, osca é um pelo de vaga, meio queimada, o tapete de sala mais comum. A vaca osca vivia na fazenda há um bom tempo, talvez tivesse 7 anos. Ela tinha uma peculiaridade, era braba. Vaca que atropela. Um perigo.

Cheia de ímpeto na vida, a vaca osca, uma senhora de 7 anos, entrou no cio e não teve dúvidas. Pulou uma cerca de arame quatro fios, mais de um metro e meio de altura, em busca do touro que estava no outro campo. A vaca osca era de se admirar. Nenhuma outra vaca faz isso.

Acontece que neste campo estavam os animais que iam para o abate, e ela entrou na mangueira junto (mangueira é o local onde colocamos o gado para mexer com eles). Eu avisei meu tio, dono da fazenda:

- Olha a vaca velha ali. Ela ainda não é para abate.
- Verdade, Beto. Tira ela dali, por favor.
- Mas a osca é ruim de tirar a pé.
- Então encilha a égua e tira.

Acontece que a égua estava longe, demorei para encontrar, e na volta ela decidiu parar para beber água. Aguardei.

Voltei trazendo a égua, nenhum de nós tinha pressa. Enquanto encilhava chegou o caminhão do frigorífico. O dono desceu.

-São esses os animais?
-São - respondeu meu tio - Espera só um pouco, o Beto vai tirar aquela vaca que não vai.
- Esta vaca já está mais velha?
- Sim.
- Eu te compro ela.
- Não sei, esta vaca dá crias boas.
- Mas já está mais velha.
(Eu escutava a conversa, enquanto colocava os arreios na égua o destino da vaca era traçado)
- Está certo. Beto, ajuda a colocar a vaca no caminhão.

Em alguns minutos minha função mudou. De salvador da vaca velha eu era seu carrasco, e de cima da égua eu empurrava sua anca para que entrasse no caminhão que ela tanto relutava.

No final saltou para dentro. A vaca osca teve ganas até pra morrer.

Não pode fugir de seu destino recheado de acaso.


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